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Conheça os repelentes naturais!

Vamos conhecer aqui um pouco mais sobre repelentes em geral e o que são e como funcionam repelentes naturais.

Eu sempre me perguntei porque eu era a preferida dos mosquitos na hora de ser picada? Nunca tinha lido nada a respeito e resolvi pesquisar um pouco. Eu já sabia que somente as fêmeas dos mosquitos eram hematófagas (se alimentam de sangue) e que após pousarem sobre o hospedeiro (ou a vítima que pode ser nós ou os animais como nossos pets) elas selecionavam cuidadosamente o local da picada. Também sabia que elas se alimentam de sangue (vampirinhas), pois precisam das proteínas contidas nele para produzir os ovos dos mosquitos.

 

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Aedes Aegypti

O que eu não sabia era que os mosquitos são atraídos pelo dióxido de carbono da nossa respiração, pelo calor, umidade e por odores emitidos pela nossa pele. Mas cada espécie de mosquito tem hábitos diferentes, tem diferentes habilidades de voo, de transmissão de doenças e a maneira como são atraídos por nós e pelos animais que eles irão picar também é diferente[1]. Isso porque diferentes mosquitos possuem diferentes receptores de cheiros, que são proteínas onde os odores voláteis emitidos pelos alvos – nós – irão se ligar.

No Brasil nós possuímos centenas de espécies de mosquitos e apenas algumas delas são vetores de doenças, como a famosa espécie Aedes aegypti, capaz de transmitir os vírus da dengue, chikungunya e zika. Um estudo realizado na Universidade da Flórida em 2000 identificou que dos 346 compostos químicos voláteis encontrados no odor das mãos dos voluntários pesquisados, 277 tinham potencial de atrair mosquitos Aedes aegypti[2].

Então, para tentarmos escapar das picadas uma maneira é enganar os mosquitos, disfarçando esses odores que são emitidos pela nossa pele. Essa é uma das principais razões pelas quais as pessoas usam repelentes de insetos. Os repelentes neutralizam ou disfarçam o nosso odor e dessa forma os mosquitos não se interessam em se alimentar do nosso sangue.

Os repelentes de insetos em geral funcionam pelo princípio de “enganar” o sistema sensorial dos insetos, dificultando que eles identifiquem a sua vítima. Em geral, podem ser compostos por moléculas químicas artificiais ou naturais.

Uma das moléculas artificiais mais usadas em repelentes é o DEET (N,N-diethyl-meta-toluamide), que foi desenvolvida pelo exército americano em 1946 e registrada para uso pelo público em geral em 1957[3]. Atualmente ela é amplamente utilizada como ingrediente ativo nos repelentes, mas há estudos que indicam que ela pode causar irritação nos olhos e membranas mucosas[4].

Se já leu algum outro post ou assistiu outro vídeo da Caule, já deve ter percebido que somos adeptos do princípio da precaução (se algo indica que faz mal e é possível evitar, evite, simples assim). E ainda que consideramos que as moléculas sintéticas por estarem no planeta há menos de 100 anos não falam a mesma língua das moléculas naturais (nós e a natureza) sendo acumuladas e mal interpretadas criando desequilíbrios físicos como autismo, obesidade, câncer e ambientais, poluindo e desequilibrando a saúde de toda a fauna.

Já as moléculas químicas naturais são produzidas por muitas plantas com o objetivo de evitar ataques de insetos fitófagos (que se alimentam de plantas e não de sangue humano) e também são efetivas contra mosquitos. A citronela (Cymbopogon winterianus) por exemplo produz citronelal, citronelol, geraniol, citral, α-pineno e limoneno e é tão eficaz quanto o DEET quando usado na mesma dose[5]. Porém por ser muito volátil, esses compostos rapidamente evaporam causando perda na eficácia e sendo necessária a reaplicação. Estudos feitos com repelentes naturais de insetos provenientes de plantas indicam que é necessária a reaplicação dos mesmos a cada duas horas[6].

Um dos benefícios dos repelentes naturais em relação aos sintéticos é que os sintéticos não devem ser aplicados mais de 3x ao dia em função de sua toxicidade. Já os repelentes naturais são mais suaves e, portanto, podem ser aplicados mais vezes.

Muito repelentes naturais comercializados contém diversos óleos essenciais derivados de plantas e os mais efetivos incluem o óleo essencial de tomilho, hortelã-pimenta, cedro, patchouli e cravo, que mostraram ser eficazes para repelir os mosquitos transmissores da malária e febre amarela[7],[8].

aedes_aegypti-by-muhammad-mahdi-karim-www-micro2macro-net-facebook-youtube-own-work-gfdl-1-2-httpscommons-wikimedia-orgwindex-phpcurid9556152Que tal ao invés de usar um produto sintético com alguns ingredientes naturais usar repelentes naturais 100%, como os óleos essenciais puros?  Temos óleo essencial de cravo e de citronela que pode ser utilizado em um aromatizador elétrico de ambiente, super prático e versátil que também distribuímos. Coloca na tomada e pinga 5 gostas de óleo essencial e ou repõe ao perceber que o óleo evaporou ou retira da tomada, limpa com papel absorvente e guarda para a próxima sessão de repelência ou aromaterapia.

Temos a água floral de citronela que pode ser borrifada diretamente na pele. Preferindo uma receitinha de repelente natural confira aqui a receita da Tainá.

A planta neem (Azadirachta indica) tem sido amplamente divulgada como uma alternativa ao DEET e existem estudos testando sua repelência a insetos de importância médica[9],[10],[11]. É uma planta medicinal muito utilizada na Medicina Ayurveda (tradicional sistema de saúde indiana de milhares de anos). Dentre os mais de 100 fitoquímicos do neem, os ingredientes ativos mais conhecidos são os triterpenoides, dos quais a azardirachtina A e B, o nimbin e o salannim tem enorme poder contra os insetos[12],[13] e com grande ação repelente de mosquitos e carrapatos.

Os repelentes naturais distribuídos pela Caule são orgânicos e biodegradáveis

O Neem é o carro chefe da nossa nova parceira: Preserva Mundi! A Preserva Mundi é uma fazenda localizada em São João de Pirabas, a 230 km de Belém – PA.  A fazenda está nas proximidades de rios e riachos, mantém área de mata preservada e já possui 160 mil árvores de nem. O clima da região – parecido com o da Índia – favorece a plantação. A partir do Neem e do Cravo são feitos os Sabonetes Repelentes e os Repelentes para uso humano, animal e para o jardim da Preserva Mundi. Tudo com um cheirinho maravilhoso de natureza refrescante. Perfeito pa dias e noites mais gostosas e sem o ataque indesejável de mosquitas sanguinárias.

Outros óleos derivados de plantas também tem demonstrado ação repelente, como o óleo de andiroba (Carapa guianensis), é muito comumente usado na Amazônia, onde é vendido em garrafas de litros nas feiras, porém, na sua ação repelente é menos eficaz em comparação ao DEET[14], mas ele pode ser útil como óleo carreador (condutor) para outros óleos repelentes, pois contém ácidos graxos insaturados e emulsionantes que melhoram a cobertura repelente e promovem uma evaporação mais lenta das moléculas voláteis dos ativos repelentes[15].

O uso dos repelentes, no entanto, não deve ser a única opção para evitar as picadas de mosquitos.

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Motuca sugando
  1. É importante conhecer os insetos que existem na sua região, saber quais são os horários mais frequentes de picada, observe o fluxo da vida ao seu redor,
  2. Evite a proliferação de mosquitos (elimine a água parada, sério, aproveita quando terminar de ler esse post para fazer isso), usar telas em portas e janelas e mosqueteiros ao redor da cama (o investimento inicial é altinho, mas vai valer cada centavo pela paz que terá, sem precisar investir mais, gerar mais embalagens e poluir seu ar com moléculas sintéticas)
  3. Preserve animaizinhos que se alimentem de insetos, como por exemplo as lagartixas, rãs, pererecas e os sapos nossos amigos muito valiosos que têm uma grande contribuição para o equilíbrio natural

Excesso de mosquitos é um sinal claro de desequilíbrio ambiental além de pensar em repeli-los de si e de sua casa pense em como ajudar a resgatar o equilíbrio natural de onde vive e essa tarefa vai demandar a união de toda a comunidade seja um agente de saúde natural no seu bairro. Pense grande e comece: agindo pequeno, mas agindo sempre.

SOBRE A AUTORA / O AUTOR

Natalie Andreoli é Bacharel em Ciências Biológicas e mestre em Biotecnologia pela USP, técnica em meio ambiente e educadora ambiental pelo IFSC, aromaterapeuta pelo Instituto Terraflor e aromaterapeuta clínica em formação pelo IFA – International Federation of Aromatherapists. Apaixonada pelo estudo da vida nas suas diferentes formas, adora aprender e pesquisar sobre novos assuntos que proporcionem uma vida em melhor harmonia e, por isso, Natalie usa repelentes naturais.

[1] www.alternet.org/personal-health/there-are-surprisingly-highly-effective-natural-ways-keep-mosquitoes-biting-you-it

[2] www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10701259

[3] pubchem.ncbi.nlm.nih.gov//compound/4284#section=Solubility

[4] www.ewg.org/skindeep/ingredient/704088/N%2CN-DIETHYL-M-TOLUAMIDE/

[5] www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2908762

[6] www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3059459/

[7] www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10534958

[8] www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16610644

[9] www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3059459/

[10] www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8245950

[11] www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10757494

[12] www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0301-80592000000400001

[13] www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9131784

[14] www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15517027

[15] www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2565367