Causa CauleSaúde e Beleza Integral

Vaidade, beleza e autoconhecimento

Hoje eu quero falar sobre beleza e autoconhecimento, quero mostrar qual pode ser uma relação saudável entre beleza e autoconhecimento. Para muitas pessoas, a porta de entrada no assunto é a vaidade. Essa, por sua vez, está calçada nos ideais e padrões de beleza vigentes de cada época. Não vou entrar na discussão dos padrões de beleza em si aqui. Mas vamos começar pelo começo. Como eu não sou diferente do resto da humanidade, não fujo desse padrão.

hair-dryerFui uma menina muito vaidosa e adorava me enfeitar, inspirada e incentivada por minha avó. Ela me apresentou aos divertidos institutos de beleza. Lugares onde muitas mulheres se encontravam animadamente com o pretexto de se embelezarem dentre ferramentas estranhas como os secadores de cabelo fixos. Sabe, aqueles  troços barulhentos onde as mulheres ficavam com a cabeça dentro parecendo personagens de um filme de ficção científica. Se bem que hoje acredito que tendências vaidosas nascem conosco. Eu sou ariana com ascendente em virgem. Virgem tem gosto natural pela padrão de estética, pela beleza socialmente aceita.

Os primeiros passos

Lembro de com 6 anos ter ganhado várias amostras de batom e passar todas… mais de 20… uma em cima da outra. E no outro dia estar com a boca muito vermelha e inchada e com vergonha de ir para a escola assim. Minha mãe que nunca teve grandes preocupações com a imagem, falou naturalmente: – Diz que comeu beterraba. Não resolveria nada, mas me tranquilizou.

janine_1No fim das contas eu colocava uns 3 enfeites na cabeça, me maquiava e ia bem feliz para a pré-escola me achando linda. Se bem que eu olhava para as meninas arrumadinhas pelas mães e ficava querendo ter ficado mais arrumadinha, mas ainda não tinha nem coordenação motora e nem senso estético para alcançar esse patamar.

Essa brincadeira de se vestir, enfeitar e maquiar tem muito a ver com o lúdico, com o processo criativo e o desenvolvimento da percepção estética.

Já desde essa época tinha sentimentos ambíguos: queria ser admirada pela minha beleza, mas não queria que ninguém se sentisse inferior a mim da mesma forma que não queria me sentir inferior a ninguém.

A beleza é uma questão que entra talvez cedo demais na vida das meninas. O único adjetivo para muitas pessoas em relação a meninas é – Que linda! Às vezes é em relação a como são comportadas, às vezes em relação a como são estudiosas ou até criativas, mas o adjetivo se resume a – Que linda! Nessa idade as crianças talvez não tenham discernimento para distinguir a diversidade de adjetivos. Mas ao mesmo tempo o – Que linda! Vai sendo interpretado como reconhecimento e amor.  Em algum nível vamos entendo que só teremos reconhecimento e amor se estivermos lindas. Essa questão atua de diferentes formas em cada menina e em cada mulher. Algumas conseguem lidar melhor com ela e entendem que a beleza é sim um atributo. Mas que existem outros. Outras acabam sofrendo por não se considerarem bonita ou se tornam escravas da beleza.

A revolta

janine_2Na adolescência tive muita acne o que foi um grande desafio a enfrentar. Parei de comer açúcar para eliminar as espinhas e emagreci muito o que me deixou me sentindo um espantalho.
Me dei conta por essa época do quanto a relação com a imagem pode ter desafios.

Me rebelar na adolescência usando roupas pichadas, rasgadas e até sujas foi a forma que encontrei de revelar minha insatisfação com a relação estabelecida da sociedade com várias questões inclusive a beleza. A beleza como arma.

Isso é independente de como é nossa relação com a beleza, saudável ou doentia. É importante entendermos a relação da nossa sociedade com a beleza, da nossa família com a beleza. Saber como lidavam nossas avós com ela e como nós elaboramos desde criança até hoje questões de beleza.

Vejo no mundo um extremo predominante que valoriza as mulheres especialmente pela sua beleza dentro de padrões bem restritos. Já contou quantas rugas podem aparecer no rosto do protagonista do filme em comparação a quantas rugas podem aparecer no rosto da protagonista?

Em outro extremo, não poderia faltar o contraponto. É cada vez mais comum blogueiras gordinhas que tiram fotos lindas com seus looks modernos e/ou ousados mostrando que a beleza em todas as dimensões e proporções.

A ligação entre beleza e autoconhecimento

O que chamam de praga na agricultura convencional na agricultura orgânica ou agroecologia, (a forma de plantar cultivando a fertilidade dos solos e a harmonia natural ao invés de exaurir os solos e acabar com a biodiversidade) chamam de indicadores. Ou seja, as plantinhas que surgem espontaneamente, não foram plantadas, indicam o que o solo tem de menos e demais.

Penso que na nossa beleza e na nossa saúde podemos ter essa sabia interpretação também! Celulites emergiram nas minhas coxas. Tenho alguns caminhos básicos: 1) Me achar horrível e correr para tratamentos estéticos. 2) pensar que meu corpo está mesmo em processo de envelhecimento e que não tem o que fazer. 3) Praticar mais yoga ou atividades físicas.  4) Ou ainda, me achar linda independente de qualquer coisa. Tenho me perguntado porque não encarar cada questão como indicador. O que é de fato!

Cada questão de beleza sejam: olheiras, pele seca, pele muito oleosa, celulite, rugas, unhas quebradiças, cabelos grisalhos muito cedo são indicadores de saúde! Nós podemos interpretar esses indicadores e depois tratar nosso corpo para equilibrar. As vezes falta uma vitamina, as vezes é indício de alguma intoxicação. Ou até pode ser algo mais simples como falta de água. Desidratamos e nem nos damos conta, tanta coisa para fazer que beber água acaba ficando no esquecimento, mas a nossa pele claro que sente e indica desesperadamente que precisa de água.

Então! Que tal deixar um pouco a vaidade de lado e mergulhar no centro da questão entre beleza e autoconhecimento, que inclui o físico sim! Se olhar de frente, de costas, de cabeça pra baixo e observar o que cada parte do seu corpo está querendo dizer, está pedindo! Se olhar no espelho, se conhecer melhor une, assim, os dois conceitos aparentemente distantes: beleza e autoconhecimento. Não fique apenas no hall de entrada, a vaidade, nem só na sala social, a beleza. Percorra todos os andares da sua morada neste planeta!

Qual a sua história com beleza e autoconhecimento?