Muitas pessoas me perguntam se os cosméticos que distribuímos na Caule são cosméticos veganos. Sim, todos são cosméticos veganos, ou seja, não possuem nada de origem animal e nem são testados em animais. Mas pensar se o cosmético é vegano é uma parte de algo ainda maior.
É importante que todos entendam que um cosmético vegano não significa que o cosmético é natural, cosmético vegano pode não ser natural, aliás, pode ser 100% sintético. E entendam que um cosmético vegano não significa que o cosmético é ecológico. Cosmético vegano pode inclusive ser muito tóxico para quem usa, poluente ao ambiente e matar animais silvestres que vivem na água.
Então não devemos confiar em cosméticos veganos? Depende! É excelente escolher cosméticos veganos, assim preservamos muitas vidas e animais do sofrimento dos testes terríveis, mas é imprescindível que sejam naturais e ecológicos para que preservem também os animais silvestres que estão no ambiente. Animais que estão na terra, no lençol freático, que estão nos rios para onde vai nosso esgoto e no ar.
Me preocupo com um planeta melhor desde criança, então tô sempre pensando em como dar minha melhor contribuição ao mundo. Por isso fui vegana em 2003, por 6 meses! Depois de um episódio em família que eu nunca vou esquecer, e acho que nem a minha família, eu decidi voltar a ser vegetariana. Vegetariana como já era desde 1997 e continuo sendo. Fomos a uma pizzaria e todos pediram pizza e obviamente no Rio Grande do Sul não tinha nada além de uma salada de conservas horrível para uma vegana. Minha família demonstrava pena, preocupação é constrangimento e eu (arianinha) estava indignada porque não tinha nada para eu comer e estava com fome.
Se hoje (2018) é desafiante ser vegano, em 2003 poucas pessoas sabiam o que era veganismo. Imagina se eu falasse de cosmético vegano, lá atrás…
VEJA NESTE VÍDEO: Diferença entre cosméticos veganos e cosméticos naturais
Veganismo e ecologia – unindo visões
Admiro muito a determinação de quem se tornou e se manteve vegano, muitas vezes me perguntei porque não voltar a ser vegana. Toda essa experiência e a inspiração dos veganos do mundo me ajudou a usar muito menos recursos animais do que eu usaria. Afinal, se fosse pelo paladar apenas, eu comeria tudo com queijo e doce de leite! Lendo os livros do Dr. Alberto Peribanez Gonzalez deu vontade de experimentar ser vegana de novo, mas porque em 15 anos nada me incentivou tanto?
Em 15 anos vejo o movimento vegano ganhar força o que é uma grande conquista em direção a um mundo em que seres humanos e animais são tratados de forma mais igualitária. Mas ao mesmo tempo sinto que os animais silvestres e a ecologia não recebem a devida atenção.
Ração vegana e transgênica
Um adendo: já tive animais de estimação, quase matei meus pais de tanto que incomodei para ter um cachorrinho e a primeira vítima foi o meu cão Alex que eu passava muito tempo abraçando. Hoje não faz sentido ter um animal de estimação para mim porque eu não gostaria de ser um. Adoro minha liberdade! Ser vegano significa direitos iguais para os animais, não é? A vontade de esmagar os bichinhos continua, mas só de pensar de eu ficar presa, meu amor a eles me impede de fazer isso de novo. Quando penso em tanta responsabilidade e em todos os remédios de uso veterinário e rações transgênicas, nem se fala. Se eu morasse num sítio eu até pensaria seriamente em ter alguns bichinhos, para esmagar e cuidar!
Liberdade e bem estar para os animais, incluindo os humanos
É um pesadelo pensar nas vacas confinadas porque me coloco no lugar delas. Mas é também um pesadelo pensar num cachorro ou num gato o dia inteiro num apartamento e até num ser humano que decidiu por “livre e espontânea vontade” viver confinado.
Sim, se você estudou na escola: criação extensiva e intensiva de animais, você vai entender bem. Na primeira, os animais estão soltos, tem cerca, mas a área é grande, mesmo que não tivesse cerca os animais não andariam muito mais do que aquele perímetro. Na segunda, criação intensiva, os animais ficam confinados num espaço minúsculo, não conseguem nem sentar e nem deitar em muitos casos! Realmente, é igual ou pior que um campo de concentração.
Como humanidade, também fomos da criação extensiva de outros humanos (nossos filhos) para a criação intensiva. Minha mãe quando era criança morava numa fazenda enorme e era livre para subir em árvores, correr, tomar banho de rio. Como não tinha carro e nem bandidos ao redor minha vó ficava tranquila e todos os vizinhos cuidavam de todas as crianças. Meu pai morava em Porto Alegre na infância. Mesmo na capital em uma área bem movimentada, ele e seus 5 irmãos passavam o dia na rua e só voltavam no fim do dia.
Confinamento
Eu passava o dia no pátio no máximo, às vezes minha mãe me levava na pracinha. Mas é infinitamente mais limitante. Hoje é comum as crianças passarem a vida num apartamento sem um vaso de planta sequer. Vão para escolinhas (nem chama mais Jardim de Infância porque “jardim” nem teria cabimento, sem nenhuma planta à vista) onde tudo é cimento. Assim passam a infância: confinadas.
Você sabia: alguns teóricos acreditam que não ver grandes espaços e horizontes limita a nossa visão (sentido) e restringe nossa perspectiva cognitivamente falando.
Bom, se aceitamos criar nossos filhos desta forma, nosso maior receptáculo e amor, pets podem entrar aqui também, não é? E o que resta de cuidado e consideração nossa para com nossos irmãos animais? Ainda mais aqueles que não nos servem (seja com carinho, mel, ovos, carne…) que aliás não sabemos para que existem e além do mais ainda são nojentos como cobras, sapos e aranhas.
Buscando liberdade e bem estar para todos os seres
Eu sempre brinco que se eu tivesse filhos seria criação extensiva, num sítio, largaria pela manhã e no fim do dia contaria se estão todos aí :-). A primeira coisa que vem à cabeça são os perigos que essas crianças passariam. E o que dizer do perigo que é viver de forma tão restrita? Em todos os sentidos – limitação de espaço, limitação de experiências, limitação de perspectivas.
Se eu fosse um animal e pudesse escolher qual queria ser, com certeza eu não escolheria ser um animal de estimação, nem que fosse do dono mais orgânico e dedicado do mundo. Liberdade é um valor fundamental para mim, por isso eu escolheria ser um animal silvestre! Os animais silvestres ainda conseguem viver uma vida mais vida que qualquer outro ser. Apesar de mesmo eles serem afetados pelo valor da segurança/comodidade/confinamento como é claro nas imagens de animais que morrem comendo plástico no mar pensando que é comida.
Visão sistêmica = visão ecológica
É a falta dessa visão abrangente que senti na maior parte das abordagens para incentivar o veganismo. Eu brinco que sou ecologista desde criança, por isso não faz absolutamente nenhum sentido para mim comer algo transgênico vegano porque eu sei do impacto aos animais dessa i-lógica transgênica. Como venho me tornando natureba desde 1995, não faz nenhum sentido comer algo cheio de açúcar branco vegano, porque eu sei do quanto o açúcar faz mal para todo meu corpo, sem falar das monoculturas que devastam a diversidade da flora e da FAUNA.
Agora achar algo vegano industrializado e coerente com sustentabilidade e saúde sempre foi um desafio. O que é um contrassenso! Se vegano é pró vida, a ideia é que beneficiasse quem come e todo os resto do sistema sem criar prejuízo nem sofrimento para outras criaturas vivas! Tenho pensado! Isso é possível! Batata doce orgânica, pasta de amendoim orgânica, salada de beldroega orgânica… Estou percebendo isso com o livro “Cirurgia Verde” depois de ler o “ Lugar de Médico é na Cozinha”. Mas não me venha com coxinha vegana frita em óleo de soja transgênica!
Afinal, qual a relação?
Janine do céu! O que tudo isso tem a ver com cosméticos veganos?
A beleza integral que promovemos na Caule é resultado de saúde integral! Não há saúde e beleza integral sem ar, água e alimentos puros. Beleza integral é também a beleza do ambiente, e a forma como nos alimentamos determina a sustentabilidade da vida de cada um para o planeta.
Não faz absolutamente nenhum sentido comprar um cosmético vegano sintético ainda mais se for de uma multinacional! Os ingredientes sintéticos poluem por milhares de anos porque não se decompõe e prejudicam tanto ou mais os animais do que o plástico boiando em rios e mares.
Achar que está sendo esperta comprando um rímel sintético vegano mais barato que um natural vegano porque o primeiro é mais barato? Isso é um indício que você tem muito o que aprender. O que é ótimo! Nada mais delicioso na vida! Pelo menos para mim que sou uma econerd.
Muitas pessoas me perguntam porque cosméticos veganos e naturais são mais caros e para isso fiz esse vídeo: Por que cosméticos orgânicos são + caros?
Vamos pensar mais em valor e de forma mais abrangente e sistêmica, buscar mais coerência, entender as lógicas e mais do ler os rótulos entender melhor os conteúdos!
A questão não está exatamente em ser ou não vegano, ser de direita ou de esquerda. A questão está mais em levar da ignorância à consciência a nós mesmos e com isso inspirar outros a fazerem o mesmo!
Eu sempre brinco que se eu tivesse filhos seria criação extensiva, num sítio, largaria pela manhã e no fim do dia contaria se estão todos aí :-). A primeira coisa que vem à cabeça são os perigos que essas crianças passariam. E o que dizer do perigo que é viver de forma tão restrita? Em todos os sentidos – limitação de espaço, limitação de experiências, limitação de perspectivas.
